terça-feira, 23 de janeiro de 2018

RETRATOS DE FAMÍLIA por ÉDOUARD H. GANDON e por VERÓNICA O. BAPTISTA




RETRATOS NA CASA DE FAMÍLIA

Quem olhe apenas para os móveis, os quadros, etc. vê que estes correspondem a um passado anterior ao nascimento dos habitantes desta casa. Não estão, no entanto, dispostos como numa casa-museu. Esta, é uma casa viva, habitada, uma casa que respira. Nela, os objectos funcionam como pontes lançadas ao mundo dos antepassados. Estes entes queridos continuam a existir, por dentro da mente; eles partilham esta casa connosco, naturalmente.
 Assim se pode viver, no meio de fantasmas, não no sentido trivial, mas etimológico do termo. Eles manifestam-se sob forma de retratos, de belíssimos retratos, que projectam olhares de tranquila e penetrante simpatia. 
Bem se poderia raciocinar que um determinado olhar e expressão do rosto, tão perfeitamente captados, fossem dirigidos ao pintor, ou a alguém que estivesse no campo de visão da pessoa retratada. Mas o facto é que a presença humana que se desprende de tais quadros é palpável. Quando contemplados, eles contemplam de volta o observador. 



RETRATO I                                                                  

                   

                         

Talvez o mais especial, para o autor deste blog, seja o pequeno quadro a óleo pintado pelo tio-avô, quando o sobrinho-neto tinha apenas seis anos: um rosto infantil, com um olhar sério e calmo, confiante.                                         
Que estaria esta criança pensando, no momento em que foi retratada? - Na verdade, o olhar vindo do interior do quadro, do passado,  dá-lhe um sentido de coerência e de totalidade. 
Porém, só muito tarde o Manuel teve consciência deste e de outros fenómenos. Distraído pelos afazeres da vida, triviais ou não, tinha ignorado aquela evidência! Ela tinha permanecido literalmente à frente dos seus olhos, durante várias décadas.  
Um dia, por acidente, o pequeno quadro foi danificado, ficou com um rasgão. Foi necessário um restauro. 
O restauro disfarçou o rasgão, mas alterou as subtis tonalidades da pele do rosto retratado. Presente no espaço familiar, o retrato deste menino de seis anos tem desempenhado um papel silencioso: o olhar da criança, perante o indivíduo adulto.


RETRATO II



RETRATO III
    

               



Verónica tinha herdado o talento de fazer viver um rosto, uma expressão, pela observação atenta e pelo traço que resume todo o mistério do ser, num sorriso, num olhar.            
Duas das suas obras mais notáveis são os retratos de sua irmã Joana P. Baptista, quando esta tinha oito anos e do seu irmão, Eduardo Baptista, quando este tinha cerca de dez anos. 
A Joana, tem o olhar fixado no longe; o olhar duma criança crescida, intensa, que procura o saber e a sabedoria.
O Eduardo, olha intensa e directamente para o observador, sorrindo. Seu olhar vai directamente ao encontro do nosso.


Murtal, 21 de Janeiro de 2018
Manuel Banet Baptista

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Sobre Édouard Honoré Gandon:











Sobre Verónica Oliveira Baptista:





http://manuelbaneteleproprio.blogspot.pt/2016/06/veronica-oliveira-baptista-obras-vol-4.html